Atualmente, o peso da imigração à Europa recai 86% ao sul da Itália (9% à Grécia e 4% à Espanha), o que põe o país no epicentro da crise migratória europeia. Devido a sua proximidade com o norte da África (principalmente com a Líbia, de onde parte o maior fluxo de migração), muitos imigrantes o veem como porta de entrada a outros países europeus. 
A situação em Calabria, uma das regiões ao sul da Itália que mais recebe imigrantes, está insustentável. Os migrantes recebem pouco ou nenhum suporte durante o período de integração, não falam a língua e não trabalham, vivem às margens da sociedade em ambientes hostis e suspeitos. O resultado é a intensificação de problemas econômicos e sociais previamente existentes nessas regiões.
O forte fluxo de migração combinado com a frágil acolhida dada pelo governo resultam em margeamento social dos imigrantes, o que, por sua vez,  leva ao surgimento (ou fortalecimento) de partidos contra a imigração, apoiados pelo medo da população diante da relação percebida entre migração e aumento da violência.
No meio desse caos, é ainda necessário distinguir no meio dos migrantes os grupos de refugiados. Refugiados e Migrantes, mesmo que sejam tratados muitas vezes na mídia como sinônimos, são palavras que tem uma diferença crucial. Aqui estão as definições dos dois termos de acordo com as Nações Unidas:
"Refugiados são pessoas que estão fora de seus países de origem por fundados temores de perseguição, conflito, violência ou outras circunstâncias que perturbam seriamente a ordem pública e que, como resultado, necessitam de proteção internacional. Como seria extremamente perigoso retornar a seus países de origem, essas pessoas precisam de refúgio em outro lugar”.
“Migração é comumente compreendida implicando um processo voluntário. Muitos migrantes cruzam fronteiras em busca de melhores oportunidades econômicas e melhor qualidade de vida."
Mais de 60.200 imigrantes chegaram à Europa desde o início de 2017 (o que configura um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior). Porém, apenas 10% desse total são refugiados, que têm plenos direitos de asilo (e vale ressaltar que, infelizmente, esses direitos nem sempre são respeitados).
O resto do fluxo migratório é formado por migrantes econômicos, que não possuem o direito de ficar na Europa. Mas como restituí-los aos seus países de origem é um trâmite muito complexo (porque muitos nem sequer possuem documentos), eles acabam engrossando a lista de imigrantes ilegais do continente.
RECAPITULANDO: A Itália assume o peso de mais de 85% das crise migratória da Europa. Cerca de 10% do total de migrantes são refugiados. Os 90% restantes vivem à margem da sociedade, ilegais. Fortalece-se a xenofobia. Crescem os movimentos contra a imigração. Aumenta ainda mais a imigração ilegal, já que não existe a possibilidade de imigrar legalmente. 
De acordo com Conselho Europeu de Relações Internacionais (ECFR), a saída para esse problema cíclico seria a abertura de canais de migração legais, através de acordos entre os países envolvidos e suporte à Libia, de onde partem grande parte dos barcos de imigrantes. Além disso, é necessário preparar procedimentos mais simples e mais rápidos para garantir asilo aos requerentes e prevenir abusos.
A situação é crítica, então, simplesmente fechar os portos e barrar as migrações não é (nem nunca foi) uma solução real ao problema. A Itália, mesmo com muitos erros, está abrigando grande parte dos refugiados e migrantes. Mas é necessário o envolvimento de todos os países europeus para vencer essa crise e assegurar condições mínimas de desenvolvimento àqueles que chegam no território europeu.
 

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